quarta-feira, 30 de maio de 2012

IALA lança primeira cartilha da Coleção Agroecológica Amazônica

O desafio ambiental e social contemporâneo implica numa verdadeira revolução cultural e política com a participação dos diferentes e diversos grupos sociais, questionando e decidindo as políticas para as sociedades. Assim, haverá maior possibilidade de superar a fragmentação imposta pelas práticas capitalistas em voga, cujas marcas principais são: a homogeneização das formas de produzir e a sua hegemonização sobreposta às diferentes formas de viver e educar dos povos do campo.
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                                                                                 Canteiro de Fossa Bio-Séptica
A dissociação imposta pelo capital em suas inúmeras faces à relação homem-natureza e a conseqüente mercantilização da vida impossibilita das sociedades co-evoluírem historicamente em interação permanente com a natureza. Este seria o ponto central do nosso grande desafio. Ou seja, se o homem maneja a natureza, a mesma é modificada, sendo modificada ela recria novas condições de intervenção humana em novas bases naturais, sendo assim, ambos, homem e natureza estão em constante interação e não-dissociados, promovendo processos de co-gestão e co-evolução permanente. Os camponeses em seus territórios são o mais emblemático exemplo dessa imbricação e, por isso, são importantes sujeitos sociais a indicarem caminhos a serem trilhados para o enfrentamento deste desafio sócio-ambiental contemporâneo mundial.

Na nossa experiência específica do curso de especialização em “Educação do Campo, Agroecologia e Questão Agrária na Amazônia” (UFPA/ Campus de Marabá), em parceria com a Via Campesina, com a atividade da Permacultura vimos que a mesma prevê o planejamento, a implantação e manutenção dos agroecossistemas produtivos com base em princípios gerais, tais como: o cuidado com o planeta Terra; o cuidado com as pessoas; a distribuição, a circulação de excedentes e a imposição de limites ao consumismo exacerbado.

Tais princípios permaculturais estão intimamente relacionados aos princípios da Agroecologia e da Educação do Campo, pois para podermos realizar o exercício e a prática de planejar, implantar e manter agroecossistemas produtivos não há como dissociá-los do conhecimento do local e dos sujeitos que ali habitam. Para isso, faz-se sempre necessário a realização de uma pesquisa. Assim, reafirmamos a pesquisa como princípio educativo, na medida em que enfrentamos a realidade a partir da sua investigação considerando o envolvimento dos sujeitos e valorizando os recursos locais.

A pesquisa implica, no nosso caso, o conhecimento dos saberes e práticas realizadas pelos camponeses, fazendo convergir dessa forma todos os princípios: da Agroecologia, da Permacultura e da Educação do Campo, todos celebrados pela realização do trabalho que dá sentido e forma a estes conhecimentos. No entanto, não basta reafirmamos o trabalho valorizando-o, é preciso a sua apropriação plena construindo sociedades associadas à natureza e não dissociadas dela. Só assim poderemos celebrá-lo, como então fizemos ao término de nossas atividades permaculturais no IALA Amazônico.


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Este texto é parte do primeiro número da publicação COLEÇÃO AGROECOLOGIA AMAZÔNICA que visa fomentar a perspectiva de um fazer/pensar agroecológico na Amazônia, articulado aos debates sobre a Educação do Campo e a Questão Agrária na região. A publicação é uma iniciativa do encontro entre o Instituto de Agroecologia da América Latina (IALA – Amazônico / Via Campesina) e do Núcleo Interdisciplinar de Agroecologia e Educação do Campo (NAEC / UFPA – Campus de Marabá).

A primeira cartilha da publicação reúne elementos práticos e conceituais sobre a Permacultura, a partir da demonstração de experiências realizadas por educandos e educadores da turma do Curso de Especialização em “Educação do Campo, Agroecologia e Questão Agrária na Amazônia”, ofertado pela UFPA / Campus de Marabá, em parceria com o PRONERA / INCRA / SR-27 e a Via Campesina.

A cartilha pretende atingir famílias camponesas, estudantes, pesquisadores e todas as pessoas engajadas no processo de reconhecimento da Permacultura como ciência. Para os parceiros no projeto, a prática permacultural é um dos passos para a criação de uma sociedade que considere a Natureza um bem comum e não uma mercadoria. 
NAEC - UFPA/ Marabá
IALA - Amazônico / Via Campesina